sábado, 30 de agosto de 2008

CONFISSÕES DE UM PAI


Olha filho,não mergulhastes
no meu leite,
nem fizestes labirinto de luz
no meu útero,

fui bailarino desafinado
e sem asas
canção de melodia escura,
guerreiro trêmulo
numa batalha sem prumo;
nas madrugadas assombradas
fui o último a sair do sono!

Uma sisudez, olhar ríspido
fala cortante,umas gotículas
de afeto/uma solidão fervente,
fui ,quem sabe, ilha deserta
fluindo e fugindo das tuas retinas;

sou doce/docemente displicente;
exalo ventos de azedume,

mas creias ,filho meu
no subterrâneo do meu peito,
e nas vértebras tácitas da minh'alma
habita um coração materno.