quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Também Tenho Uma Itabira



Essas estradas de casaco de lã
e sobretudo
percorrem
rios áridos
por dentro de mim.

Trazem estórias de medos
e lástimas
deságuando entre poeiras
sólidas e cacos de dores
míticas.

Contam lendas da rua do Fogo
peripécias da rua da Palha
e as alegrias das quengas
temperando
de gozos silenciosos a rua do Taguarí.

Terra de muitos enigmas
e do lobisomen Cotinha
(farejando calçadas
nas noites de lua cheia.)

Quantas vezes almoçávamos
tortas de Curupiras
e cozidos de "cumade" fulôzinha
no
terraço sem luz
da nossa casa ?!

Como dói
esses meus olhos
assombrados
galopando apressados
entre fadigas e lembranças!

A rua do Cemitério
adormeceu
entre brumas e fuligens
e teima em acordar todos os dias
entre os lençois amarrotados
da minha cama.

Uma embriaguez
de mangas,"jabóti cabra", rolimãs
jaca, cana caiana, "curuja" ,pião
açudes,novelos,garapa de engenho.

Como a Itabira de Drummond
essa cidade mergulha afiada
nos meus pântanos
acariciando meus cabelos,
(catando lêndeas na memória
enquanto não adorneço de vez.)